sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

 toca-me com os teus dedos a escala em desalinho que sou
se desafinares a culpa não é tua é do tempo que leva a entender-me

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

cada letra deste meu suor adiado para o verão
congela-me o quero dizer, não por sentir, mas por te sentir adiado para o verão de uma outra vida

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Boa Noite

 .agora/ que o sono se pendura nas pestanas e anda de baloiço nos meus olhos/ agora/ que as palavras respiram mais devagar e as costas esperguiçam a noite/ agora/ que quero sorrir ao dia de amanhã mas está escuro, ainda, e só as estrelas se acendem pirilampicamente a querer dizer bom dia, mas é noite/ agora/ que tempo será este que não há quente a derreter os sonhos e por momentos congelo todos os momentos/ agora/ é apenas hora de ir...de ir...de ir....mais tarde volto. não //agora//. V




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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Simplicidade


Simplicidade. Ser. Ser Simplicidade. A Simplicidade de Ser. Amar. O Mar. A Simplicidade de Amar. O Som do Mar. Ser o Som do Mar. A Simplicidade de Ser o Som do Mar e Amar.
V

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

desarcebispocostantinopolitanisar

..isto se o arcebispo de costantinopola...desarcebispoconstantinopolitanisasse... ainda ouço a voz do meu pai nesta ladainha tonta que me fazia rir até ter dores na barriga e que contribuiu para a minha dicção mental até hoje.

tenho saudades de ser pequenina. dos momentos que quero reter ( e só esses..os outros não vale a pena) das gargalhadas, de ser atirada ao ar e apanhada em meia volta e ...vai abaixo roda e salta...e ri...e ri muito até doer a barriga. tenho saudades do cheiro da praia e dos baldes,das pás e dos ancinhos, do cheiro dos comboios que era o cheiro da praia antecipada. tenho saudades de me lembrar do cheiro da praia e das sardinhas que me impediam de tomar banho antes da digestão...longa...e o mar a chamar. tenho saudades de falar françês com o meu pai, porque aquele momento era mesmo só nosso e a minha mãe não entendia françês...então era mesmo só nosso...musicado em errres e ions.

saudades..tão típico de ser português...em constantinopola....a desarcebispoconstantinopolitanisar o tempo de ter sido...
V

segunda-feira, 8 de novembro de 2010


abro a janela nos olhos
retinas onde fixas estão as memórias dos risos
piscar de olhos, portadas ao vento batendo ritmos cardíacos
abro a menina dos olhos
e riu-me da expressão...facial da menina dos olhos
é a expressão das janelas quando estão escancaradas e deixam a chuva entrar.
abro as pestanas duas a duas
bem me quer...mal me quer...num inquérito à vida que passa
e as de cima tocam nas de baixo...as pestanas
e concluem que por vezes a vida bem nos quer...outras não
abro os olhos todos
e a chuva que está dentro dos olhos verte-se
os vidros dos olhos...salpicados...olham a rua
e num vai e vem eterno a vida desfila risonha ou triste...
só o verei se deixar o olhar à janela.

para o meu nómada João
V


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010




Agitem-me as pálpebras entre as pestanas e as rugas da testa,
Quero ver por entre raios e coriscos e ramos e pedaços de céu,
Quero entender as palavras que a brisa transporta e balança entre folhas
E descodificar o assobio do vento no martelo do meu ouvido interno.

Levitem-me o corpo até à copa e deixem-me dormir no embalo da sesta,
Desfiando as pétalas aos pesadelos por entre copas escuras como breu,
Entendendo na manhã a perfeição e imperfeição de todas as minhas escolhas,
Distinguindo perfeitamente as lágrimas, o cansaço, as chamas deste inferno.

Porque quando chegar ao grito aberto de dizer: não presta!
Escutem-me os que tiverem ouvidos e destapem-me a revolta sem véu
Que todas estas vidas que vivi fizeram este corpo cansado que tu olhas
E deram-me o direito de ser corpo a corpo o poema que escrevo e alterno.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Temporalidades



Tempo
Corrente solta que sulca a cara
Que franze os olhos
Quando o sol é mais luz do que os olhos podem ver.
Tempo
Relógio de ponteiros bordados
Marcando tempos nos passos corridos dos sapatos
Pelas pedras gastas das avenidas de outros tempos.
Tempo
O que há e o que se esfumou em nuvens carregadas de chuva
Que voou nas asas dos pássaros apressados
Abraçando o sul quente e luminoso de doer nos olhos.
Tempo
Tanto tempo a bater nas têmporas em latejos impacientes
Lembrando que as horas se consomem
Em fogueiras intemporais crepitando prazos de validade.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Ser





Neste preto e branco de ser
Faço borrões em arco-íris
Balanço o corpo em tons pastel
E quando olho é a cores.
Porque eu quero os meus dias assim
Em melodias dançáveis
Numa escala de cor em número de Sete
Onde mergulho a minha vontade
Num amarelo de Sol.
As pontas dos meus dedos escrevem
Na pauta do meu canto
Ao tom das violetas
Canteiros de melodias em aromas mil.
Neste preto e branco de ser
Serei… coloridamente…sempre
E quem me quiser terá de sorrir
Em alvos sorrisos e pestanejar de ver nos meus olhos
A profundidade da difusão da luz.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Olá Lisboa




Olá Lisboa
Eu volto sempre
Como os amantes
Querem /não querem
Mas voltam
Sempre.
Mas querem sempre
Mesmo não querendo.

Olá Lisboa
Estou a chegar
Venho por rio e não por mar
Numa barca de rimas.
E as buzinas ficam no ar
Neste compasso de ir e ficar
Que por cá estar
Guardo no estio quanto me estimas.


Olá Lisboa
Rio o teu Rio
Ondas que brilham dentro dos olhos
Nesta corrente de margens largas.
Tão sedutor, lânguido e frio
Corre para o mar a abraçá-lo
Como se os remos desta barcaça
Fossem o canto de uma sereia.

Olá Lisboa
Em ti cresci neste regaço de canções
Embalada por apitos e castanhas
A balançar nos jardins de um fado
Na Estrela dos cavalos de pau
Em pontas de um ballet sem tranças
Que só os meus pés sabem
Desde mim. Ontem.

Olá Lisboa
Serpenteando os teus comboios
Ora à flor da superfície
Ora no ventre escuro
Entre o chiar dos travões
E a impaciência da espera
Dentro da minha infância
De ir à praia aquecer o Sol.

Olá Lisboa
Vou deitar a cabeça
Sonhar com as tuas luzes
Banhar poemas no teu rio
Cantar nas ruas encantadas
Ouvir a som estridente e dengoso
Dos carris gemendo eléctricos.
Agora vou dormir…Adeus Lisboa.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A Paz que és em mim


vertical o meu olhar no horizontal balanço da água
no meu sal dourado que me cristaliza os passos
nas minhas mãos que me cantam as rimas dos olhos
nos dentes que cravo no teu ombro quando mergulho em ti.
vertical o meu peso que me atrai aos abismos da vertigem
no corpo que se desfaz como areia em grãos molhados
na concha do meu ouvido que dança pelo mar dentro
nas mãos que entrelaçam os dedos nos teus dedos.
vertical o meu sorriso na perspectiva horizontal das horas
na areia que encolhe dentro da marca dos meus pés
nos beijos que o mar me dá aos passos apagando as marcas que caminhei
nas palavras que nem sempre rimam com as batidas do meu peito.
vertical este dizer deitado em mim
na imensidão deste mar e céu a dormir nas ondas...nesta paz que és em mim.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

AS CARTAS QUE SOMOS NÓS

Auto-retrato de J.J.Vaz de Carvalho


AS CARTAS SÃO CARREIROS DE PALAVRAS QUE A ALMA QUER DIZER E NÃO CONSEGUE. ESCREVE-AS ENTÃO. ESTA CARTA É UM COMENTÁRIO DA ALMA, QUE TODOS OS DIAS SE RECOMPÕE DO CHOQUE FRONTAL COM A REALIDADE.

AS CARTAS SÃO CARREIROS DE LÁGRIMAS INDIZÍVEIS, ESCRITAS A SANGUE E SAL E RISOS DESFIADOS NAS GARGALHADAS DOS DENTES QUANDO SE TRANSFORMA A DOR EM FELICIDADE, PELO EXERCÍCIO DA VONTADE.

ESTA FOI A MAIS RECENTE CARTA QUE ESCREVI. PENSO QUE A ÚLTIMA DESTE CONTEXTO. ASSIM ESPERO, PELO MENOS. TRANSCREVE-LA AQUI É UMA ESPÉCIE DE

CATARESE, DE PURGA, DE GRITO...DO QUE FOR.



"Não esquecerei nunca, que neste mar de palavras e olhos te encontrei. Por momentos pensei ter sido especial...aquele momento...aquelas palavras. Quando o meu corpo entrou no aperto do teu abraço, ao som do apito dos comboios, achei que tinha sido único, que eu era naquele momento, única. Hoje entendo que nada é único. Especial? Talvez...Fruto do momento? Seguramente. Mas neste mar de palavras e olhos...outros olhos e outras palavras se misturam, se confundem...Hoje, este corte de linha, depois do ruído na rede, faz-me sentir que, eventualmente, num remoto universo em Setembro, as palavras, que na altura eram apenas palavras no meio de tantas outras, hoje, em Setembro, sejam palavras de verdade, expressões sinceras de ir ao encontro da felicidade, consciência de que há palavras que só se dizem uma vez, que só se ouvem uma vez e que daí partem para toda a vida...Hoje, em Setembro apetece-me ouvir o apito dos comboios e chorar de alegria porque estás aqui...quero pensar que aquele abraço com a força de vidas e que ainda hoje sinto, como se tivesse sido...hoje...aquele fortíssimo abraço...foi apenas meu e teu e nunca repetido, nunca clone de outros abraços, noutros encontros, noutros apitos, noutros comboios...quero que seja assim...espero que seja assim e que tal como disseste dentro de outras palavras: hoje seja eu e a nossa vida e a nossa casa e a nossa família e os nossos beijos e as nossas loucuras...que nunca vivi outras como estas.
Para que de nós não fique apenas a memória...mas nós...juntos...inabalavelmente inseparáveis. AMO-TE!!!AGORA E SEMPRE!"

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

A Vertigem ou O Regresso a Casa


Quero a vertigem do regresso,
Que o meu corpo arremessado saia
Do rodopio flamejante da saudade.

Quero no meu peito impresso,
A dor de ter onde caia
A implacável marca da verdade.

Que este corpo é a minha casa
E as janelas da alma batem violentas
No temporal de trovoadas lentas
Que o regresso impõe e o tempo atrasa.

Quero a vertigem do regresso
A cores, ao sol de um verão que abrasa,
A estrada por onde venho e vou e nada peço
E o ser é apenas e só o vento que passa.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A MINHA NANA FAZ ANOS HOJE







Irmã que ouviu o som do meu coração
Ecos que a vida transportou por tempos
Dimensões que por momentos esquecemos.
Apesar de todas as barreiras sorriste nos meus olhos
E de imediato nos reconhecemos em abraços
E ouvimos a memória do que somos e seremos.
Irmã linda que em estados alternados de alma me entendes
Irmã de vidas que em estado de graça ou desespero estás presente
Amo-te como da primeira vez que partilhámos o caminho
E quero agradecer-te por seres a minha linda irmã de olhos de água
Com o sorriso mais aberto ao Sol que eu conheço.
PARABÉNS LINDA NANA! ESTÁS SEMPRE A BATER DENTRO DO MEU PEITO EM SINTONIA COM O “MÚSCULO ESTÚPIDO”, QUE SENTE SEMPRE QUANDO ESTÁS BEM E QUANDO NÃO, QUE TE ADORA E DESEJA QUE SEJAS PLENA E TOTALMENTE FELIZ!!!!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

(Desa)Sossego



Sossego. Quietude dos meus sentidos nos braços do vento.
Quero que este arrepio seja a paz profunda dos meus sonhos
E o meu corpo se abra em leque perante o espelho dos meus olhos.
Sossego. Silêncio plácido das tardes quentes em planícies de Verão.
Quero embalar o meu sono em redes suspensas no balanço da sesta
Deixar escorrer pelos cabelos, estrelas de um mar azul em festa.
Sossego. A inabalável certeza de ser feliz, um dia de cada vez
E deitar-me no orvalho da relva que embrulhou a minha dor e a desfez.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

OITO

08/08/2008
Data especial a de hoje!Para quem conheçe um pouco de numerologia, sabe que a redução, ou soma de todos os números que formam uma determinada data, resultam num número, ele mesmo significado vibratório desse dia. Somando todos os números que constituem o dia de hoje chegamos ao número 8. Quanto ao significado...deixo para pesquisa de quem tiver curiosidade.

Sombras



Sombras que a luz provoca nos meus olhos
Envolvem o meu corpo e subitamente
Sou um ser alado e florescente
E as penas que compõem as minhas asas
Sou apenas a desfolhar-me em mágoas
Transformando-me em sombra, em copo, em tronco
Sedimentando-me nos torrões secos da terra
Olhando horizontes de searas a dançar nos braços do vento.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

ESTOU DE FÉRIAS! JÁ NEM SABIA BEM O SIGNIFICADO DESTA AFIRMAÇÃO.
NÃO ERA USUÁRIA DESTE TEMPO DE FAZER COISA NENHUMA PELO MENOS AÍ HÁ UNS DEZ ANOS...NINGUÉM DEVERIA ESTAR DEZ ANOS SEM FÉRIAS, É UM CRIME, ENTENDO-O BEM AGORA. JÁ HAVIA TIDO ESTA TERRÍVEL EXPERIÊNCIA ANTES. DESSA VEZ FORAM 14 ANOS SEM UMA FOLGUITA. ESCREVINHAVA UMAS COISAS PELA IMPRENSA NACIONAL, DEDICAVA-ME A MORRER DEVAGARINHO QUEIMANDO OS PULMÕES EM 3 MAÇOS DE TABACO POR DIA...+ 1 NAS NOITES DE "FECHO". ENFIM...CAMINHOS TORTUOSOS QUE CAMINHAMOS PARA APRENDER A CAMINHAR.
MAS O QUE INTERESSA MESMO AGORA É QUE ESTOU DE FÉRIAS. FÉRIAS DE TODOS OS EPISÓDIOS QUE ME ATORMENTARM A VIDA NESTES ÚLTIMOS ANOS, MESES, SEMANAS, DIAS...FÉRIAS DA DOR ( COMO SE ISSO FOSSE POSSÍVEL) , FÉRIAS DAS DÚVIDAS, FÉRIAS DO DESAMOR, FÉRIAS DE SENTIR QUE PERDI TANTO DE MIM NESTES ULTIMOS TEMPOS, FÉRIAS PARA OLHAR O CÉU SEM LIMITES, FÉRIAS PARA ESCREVER ( PORQUE SEM ESCREVER MORRO...E LÁ SE VÃO AS FÉRIAS), FÉRIAS PARA DECIDIR PAR ONDE VOU, POR ONDE, COMO, COM QUEM, SE DE MÃOS DADAS, SE APENAS EU...FÉRIAS.
PARA QUEM ESTÁ NO MESMO ESTADO DE ALMA: BOAS FÉRIAS!
Bem vindos a estas revelações em pelicula digital. Porque os meus dedos tocam os olhos e as palavras nascem em cor e música.Seja bem vindo quem vier por bem. Seja bem vindo quem não vier por bem. que a Paz, o Amor e o Equilibrio seja uma constante em vossas vidas.
Namasté

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Sombras de luz apagada

A parede estava nua de tanto branco, de tanta cal viva, que queima o tempo e tudo o que por ali passou. A porta estava fechada e podiam ouvir-se ainda as preces, sejam lá quais forem as razões, em vozes comedidamente cantadas em jeito de reza. O vento estava frio e o arvoredo balançava ao ritmo dos pássaros. O Sol estava de partida, mas não sem antes projectar as sombras de luz apagada ainda, a acender um pouco mais tarde, quando o escuro não quisesse deixar ver os degraus e o caminho.

Diagonais


O céu rasgou-se em raios
Espalhados em diagonal luz
Sobre a paisagem que anoitecia
Os ramos curvaram-se respeitosamente
O vento transformou-se em brisa
E a lua veio como sempre acontecia.

Divindades


Escuro estava a ficar o céu,e antes que o sol se fosse, ainda em queda livre por tráz do templo, ficou-me presa a imagem voltada a leste...entre a planicie e a divindade.

Espectro Celestial


Se assim pudesse eu pintar o meu olhar
E o firmamento a óleo de cores gritantes colorir
Deixaria no arco-íris os meus dedos navegar
Em pinceladas de sete cores a repartir
O espelho do universo que sou eu e o mar.

Espelhos de céu


Juncos frescos em tempo de estio
Águas mansas espelhos de céu
Correm nos meus olhos como um rio
E sobre o meu tempo cai um véu

E se o sonho, de nuvens vem vazio
No firmamento gélido de breu
A realidade canta-me em corrupio
Encharca-me o calor e lá vou eu

Mergulhar em nenúfares de um lago tardio.

Inclinado Sobre o Meu Olhar

Serpenteia a estrada debaixo dos pinheiros
Resinosos olhares levam-me e eu vou
Em perspectiva, ao final, no horizonte
Abre-se o tempo e o ritmo de caminhar...

Solitária no Areal Imenso


Longa extensão de areia,
Mar de ondas em novelos de espuma,
Acutilante Farol, como ameia
De um castelo, onde durma
O guardião da tua solitária esteira.
E o teu corpo esquecido abandonado
A fundir-se em nevoeiro e ocaso,
Despertou o meu curioso olhar.
Voyeuse em olhar parado,
Num tempo sem voz e sem prazo,
Que diga porque navegar…
Em bravo mar ou céu imenso e alado,
Ou no imenso areal húmido e sem par.

VIAGEM



Vou contigo
Dentro dos teus raios
Obliquamente luminosos
Vou contigo
Caminho sobre as águas
Deste rio que me atravessa
Vou contigo
Desfaço as mágoas
Esqueço a promessa
Olho de soslaio
Os tempos espaçosos
Vou contigo
E a copa das árvores
Em banho de luz
Abraça-me as palavras
E o sono
No sol que me seduz.

Leques de Luz


No escuro firmamento em que me dou
Abro os meus olhos em leque de luz
Chapéus invertidos a conter a chuva
E os sentidos a afunilar no peito
Não quero mais tudo o que não sou
Não quero mais o ouri falso que seduz
Não quero mais o pesadelo que me mova
Para fora de mim e deste meu jeito
Ou falta dele para existir...apenas
Não quero o escuro.
Quero a luz.
Quero expandir.
Quero ser.
FELIZ!

Céu Ardente

Quem acendeu o céu e o abriu a ferro e fogo sobre a minha cabeça?

Céu Novo de Chegar o Verão


A fingir nuvens de possível chuva, num Verão que teimou em sê-lo...deitei o meu olhar no horizonte senti-me azul e terra e dia e noite e todas as estações. Deambulei pelas searas, fui guerreira, desânimo, choro e gargalhada. Quando esperei calor, gelei. Quando o Inverno estava à minha porta, escorri suor e deitei-me na chuva a refrescar os sentidos. Agora que olho estes prados ainda verdejantes, o pasto do amanhã, sinto-me gota de orvalho e por isso deixei de ter lágrimas. Vou ficar seca como a palha…mas será só um dia, mais tarde. Hoje permito-me o devaneio de olhar para traz, para o que fui ou não fui. Nem sei se rio ou choro ou nada, absolutamente nada de sentir o querer sentir. O ontem serve-me apenas para saber que hoje não vou voltar a ser assim amanhã. O que uma seara, que esconde videiras de vinho redondo, pode dizer e provocar apenas só por olhar.

O mesmo caminho..outra Estação


Esta estrada que me leva
Pelo acesso reservado aos meus passos
Em neblinas invernosas
Ou apenas sob mantos de folhagens primaveris.
Esta estrada que me leva
O olhar nos ventos cardeais
E aceita com a mesma vontade o meu passar
O meu corpo a pisar esta terra batida
A minha vontade de voltar
Sempre que eu quiser
Sempre que for Verão, ou Inverno
Outono de ramos nus
Ou Primavera de verdes e fartas veste.
Esta estrada que me leva
Este caminho meu e dos meus olhos
Como gosto de o reter nas batidas da minha emoção.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Os Sonhos não têm tecto


O céu não tem sol
As nuvens não têm chuva
O rio não tem barcos
Os carros não têm namorados
Os eléctricos não têm fins-de-semana
A Portugália não tem bons pregos
O Porto não teve pedalada
O domingo...já foi!*
* Clikada e Escrita num domingo de sair em Lisboa...

deita-te em mim, deita-me ao mar


deita-te em mim
quero sentir queimar
quero a pele no toque do fogo
no sal que queima a maré
porque no fim
de todas as contas deste mar
o querer estar aqui é como um logro
o que parece ser já não o é
nada é mais assim
tudo é ilusão de ser
o belo é só e apenas se eu quiser.

Reflexos de Ser


Sombras...reflexos da muralha que sou
Da obrigatoriedade de ser impenetravel
Da expectativa de ser forte e inabalavel
Sempre que na impassividade dos dias estou
Pedra a pedra, neste granítico compasso
Entre chorar de desespero e ser muro alto
Numa grosseira forma de viver para além do tempo

Espreita-me o Amanhecer


olhos nos olhos
queima-me o acordar
na retina raios mil
olho e vejo o mar
alucinação apenas
espreito pela fechadura
aqueço a alma e o olhar
sorrio ao azul subtil
de ser manhã de verão
numa luz brilhante e pura
em que não senti a tua mão

A Fugaz Sombra dos Dias


...Aquela que arde nos candeeiros apagados, que traga o céu inteiro de um só sopro, como se as folhas dos pinheiros fossem agulhas na carne rija dos anos novos, como se o suor escorresse de olhar esta emoção de fogo e não apenas do esforço quente de dois corpos a flutuar...

Oblíqua Luz da Manhã







Oblíqua luz da manhã
Pinta na íris
Nevoeiro que o horizonte
Não diz....
Portal de começar a existir
Para um dia de novas manhãs
Em que me espreguiço
E entreabro os olhos
Para dizer bom dia ao universo

sábado, 21 de junho de 2008

Beija-me o mar





Adormece no inicio das ondas
Beija-me o mar
Embala-me o sono neste som
De espuma, sal e horizonte
Que o ritmo do meu peito é da água
E embarco neste ondular
Que do meu passado me arranca
Sem que dos olhos caia a mágoa
Sem que o tempo diga até amanhã
Sem que o dia seja estrelas
Sem que saiba viver sem amar.
Beija-me o mar
Na minha maré de ser mulher
No meu corpo a embalar
Tudo que fui, sou e serei
Sem me arrepender, sem me encontrar

Erro de cálculo

Quantos trilhos, temos que caminhar
Quantos encontros falhar
Quantos sorrisos perder
Quantos sonhos deixar de sonhar
Até entender
O erro de cálculo
De uma rota mal traçada
De um olhar que não deveríamos ter visto
De uma palavra que não deveríamos ter ouvido
De um gesto diametralmente oposto ao entendido
De um dia menos brilhante que o querido?
Quantos olhos, temos de sofrer
Quantos horizontes depreender
Quantos relógios deixar de bater
Quantos batimentos desfazer
Até entender
O erro de cálculo
De viver???

domingo, 15 de junho de 2008

A ti em vôo livre de amar




As asas de ser, alado, não têm limites
Os vôos não têm penas, só liberdade
E neste desejo de voar até ao topo de nós
Deixo-me levar na corrente de ar
Respiro o teu olhar
Sinto o vento voar nos cabelos.
E quando me encontro no céu, a sós
Sobrevoando os olhos da cidade
Aceito todos os teus convites
E sei exactamente que este voar
É o bater do meu peito a sonhar
Com a tua boca na minha e as tuas asas
Abertas a planar
Neste corpo que já não é só meu
Também o é do teu olhar.
Ao Amor da minha vida que me entrou de rompante pelo meu peito e me fez ouvir o estrondo liberto do meu coração, que me inspirou como nunca e me despertou para olhar, dizer, sentir e amar...OBRIGADA AMOR!

POIESIS





48 ANOS DEPOIS DE NASCER


Finalmente surgiu. Uma das promessas que fiz a mim mesma nesta vida foi a de escrever e publicar 1 livro. E assim, depois de passados quarenta e oito anos, chegou...em conjunto com os meus parceiros de viagem das palavras...POIESIS.
Gostei tanto de estar aqui...de dizer aqui...de sentir aqui.
Ângelo Rodrigues pela Minerva convidou. Aceitei. Gostei de ter aceitado.
Obrigada...vou continuar!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Quando eu Acreditava....

...escrevia, tal como hoje, no que acreditava. Escrevia, tal como hoje, com o coração. Sentia da mesma forma, mas tinha uma esperança diferente na humanidade....Hoje, talvez tenha ganho em realismo e perdido nos sonhos. Como ensinava Sidharta, talvez esteja mais próxima do caminho do meio. Quando em 1999 resolvi vir às raízes do que sou, encontrei um Alentejo bem diferente do que tinha criado na minha imaginação. Do imaginário da infância, tinha-me ficado um Alentejo, quente, com cheiro a liberdade, com Natais gulosos, e as tias, os tios, as primas e os avós á lareira...a realidade...a de há quase 10 anos e a de hoje é bem diferente. Os tios e os avós mudaram de morada...as primas entraram pelas suas vidas dentro...e já não há Natais daqueles...agora há outros, diferentes.
Quando cá cheguei para aqui viver, cheia de esperança, escrevi um pequeno texto que publiquei na "Folha de Montemor". Um amigo meu, que foi membro do partido comunista (noutra vida), leu-o e teve uma reacção inesperada...achei inicialmente que ele iria gostar, mas não, fartou-se de vociferar...chamou-me irrealista, que o Alentejo não era nada daquilo que tinha escrito, que era a luta e a fome e a miséria...que estava a tapar a realidade com prosas poéticas inconsistentes...enfim...o mais engraçado é que hoje, embora por diferentes motivos, dou-lhe razão. O Alentejo não é nada do que sonhei e escrevi. Talvez não seja possível ainda, depois de tantos anos de sofrimento, opressão e fome, fazer um Alentejo de gente aberta, feliz, evoluida, que não passe grande parte da sua vida a remoer o seu semelhante....talvez um dia...Entretanto, para que quem se deu ao trabalho de ler esta dissertação sobre o passado, presente e futuro desta região a sul de Portugal...deixo aqui o referida texto. Julguem por vós mesmos...

CHEIROS

Entrei na cozinha e o ar estava inundado de odor a pêssegos. Deixei-me envolver pelo cheiro e fui levada pelo vórtice das memórias que o tempo distraiu. Entrei pela infância como quem passeia na montanha russa da feira impopular dos tempos de criança, que tanto nos enternece como nos atira para as terras movediças da inconformidade. Mas apesar de todos os arrependimentos, a memória deixa-nos na boca odores com o sabor da inocência e o desejo de reter pelos tempos imemoriais os cheiros que só existem porque os cheiramos.

Seguindo atrás do vento cheguei ao lugar com cheiro a terra, aquele cheiro seco e solarengo que nos sussurra em jeito de aviso ou predestinação levado por Aeolo aos ouvidos de quem já viveu aqui, para não cair na tentação de deixar secar o peito. É assim o meu Alentejo! Envolto nos cheiros da terra, pincelado pelo odor dos pêssegos, das cozinhas, das casas brancas de riscas azuis como o céu, dos terraços apontados ao divino, do sol mais quente que todos os sois que conheço, das gentes que teimam em não deixar secar o coração.

Sabe quem já passou por estas ruas empedradas de calor intenso a derreter a vontade de dar mais um passo, que não é fácil reter o cheiro deste Alentejo esquecido para alguns, desejado por tantos outros, subjugado por outros mais. Sabe quem vive aqui, quem se levanta pela manhã banhado em cheiros, que aqui o Sol não seca nem corrói, a terra não enruga e a vontade não desiste. É assim o meu Alentejo!

Terra das amplitudes tão térmicas como o horizonte, fustigada pelo vento que arde a alma, queimada pelo frio que nos entra pelo corpo dentro a fazer-nos desejar o estio. Também o inverno aqui tem cheiro a terra queimada pela chuva oblíqua a declamar poemas nas estórias deste povo sobre a capa da história. Apercebo-me delas pelas mãos crespas do trabalho de sol a sol, de tempestade a tempestade. Tocam-me pelo olhar dos velhos a desfiar dominós recitando dentro das palavras a enorme sabedoria de uma vida inteira de trabalho, transpirando a alquimia dos segredos que com eles ficarão para sempre encerrados se não lhes perguntar-mos docemente quem são e porque aqui passaram para ficar.

Não perco porém a esperança de que os aromas múltiplos deste povo perdurem eternidade fora, misturados com o odor dos pêssegos, da terra mãe desta sabedoria que se transporta de vida em vida. É assim o meu Alentejo! O nosso Alentejo, os que o amamos porque o nosso corpo dele faz parte e as nossas vidas, por muito distantes quem tenham andado, só existem porque nutridas pelo cordão umbilical deste sol quente batido a chuva, corporizado nos sobreiros, nos empurram a vontade de seguir em frente, sempre em frente. Este crescendo de vida dança-nos no ventre e coreográfa-nos o ser, os seres que o Alentejo abraça e beija longa e ternamente. Para quem não saiba ou não queira saber, fique sabendo: é assim o Alentejo!


Vanda Caetano
Algures em 2001

quinta-feira, 8 de maio de 2008

FOI HÁ QUASE 10 ANOS

Foi há quase 10 anos....que aqui cheguei, cheia de esperança e vontade de fazer coisas novas, neste Alentejo seco e árido para quem vem de novo, mesmo que retorne, mesmo que tenha aqui raízes. Nessa altura, pensava ser possível fazer parte deste "mundo". Hoje acho que não.
Segunda feira foi a enterrar um amigo. Na verdade, mais amigo do meu pai que meu....talvez pela diferença de idade ou apenas de vivência social, política, vivência....ponto. Eu sempre lhe chamei Pinto de Sá pai. Pai do presidente da Câmara deste Montemor-o-Novo, onde vivo, encontrava-me por aí, nas mais variadas alturas desta minha vida alentejana e falávamos. Muito. Desabafos, a maior parte das vezes, revoltas, constatações. Tinha mau feitio...diziam.Eu gostava! Diziam muitas coisas...que foi da pide...imagine-se!!!...companheiro de luta do meu pai, no período pós 25 de abril, sempre foi um homem de esquerda, sempre se assumiu. e AGORA??? o QUE IRÃO DIZER MAIS? Podem dizer que trabalhou até ao fim. Que sempre se quiz manter activo e vivo. Que era ele mesmo, apesar do que diziam!!! Eu gostava! Dizia tudo o que lhe apetecia. Não se calava. Era austero. Não mostrava os dentes. Não era hipócrita. Eu gostava dele. Morreu. Não soube. Só hoje. Pinto de Sá pai...vou ter saudades!

sábado, 12 de janeiro de 2008

Corpo em curvatura








O tronco curva-se sobre a terra, rugosa a sua pele dos anos passados sobre o calor ardente do Alentejo, o frio extremo do inverno, as chuvas sacodidas pela ventania. Verde o musgo, vai subindo em conquista do tronco, formando um casaco que envolve e protege até que chegue o estio.

Rosas no deserto









Chamam-lhe a rosa do deserto. Não sei se por ser uma planta carnuda da familia dos cactos ou se pelos tons vermelhos do Sol do deserto ao cair da noite. Linda flor/cacto que se multiplica como se não houvesse amanhã e assume tonalidades desde o verde, aos mais variados tons de rosa e vermelho, diria mesmo que assume nuances sensuais, lembrando que o deserto do prazer acaba quando é "desflorada" a rosa e as tons vermelho rosado se abrem para os novos horizontes dos sentidos.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

A "minha" árvore está sempre lá









Desde que tenho memória, dar voltas ao Castelo teve sempre um sabor especial. As mães gostavam de "quadrilhar" um bocadinho em longas conversas de comadres, comiam figos de piteira e dos outros, enquanto nós, as primas andávamos em aventuras mil, pelos "bosques encantados" da verdejante mata. A pé, de bicicleta, de patins...subíamos árvores, colhíamos flores, por entre gargalhadas e às vezes uns socos e uns pontapés disfarçados, não fossem as mães dar por isso... e então era o bonito. E se era Verão, as amoras sujavam os dentes e a roupa e nós contentíssimas, como se os dias fossem uma sucessão de felicidades sem par e eram.


Mais tarde, mas não muito mais, casei. Tinha quinze anos. E lá vim de Lisboa em lua-de-mel, dar voltas ao Castelo, subir à torre do relógio, para em pose de quem queria parecer feliz, tirar as fotos da "praxe".Voltei, várias vezes como que em vidas diferentes. Voltei um dia para ficar...acho...não sei bem. Dei várias voltas ao Castelo. Para manter a linha, para namorar, para chorar, para passear as minhas crianças,para ver as várias formas que as árvores encontram para cumprimentar as estações.
Vi das ameias o nascer do sol, no alto das muralhas deitei-me ao pôr do mesmo, observei a cidade e os homens e as mulheres e as criançinhas e os outros...de cima do monte maior.

Depois chegou o Rui...Horta( energico "carneiro"), ocupou, em boa hora, o Castelo com os seus guerreiros e os seus subditos, dançou e encantou, coreografou e lá continua, assumiu a pose de Rei e Senhor, vidi,vini,vici...e dançai agora senhores que é hora de dançar!
Esplanada no Verão, raves e filmes...muita cultura numa terra de pouco pão. E que pena que do alto das ameias não se atirem pães e assim pudesse Deuladeu dançar mais aconchegada, numa terra onde se finge estar tudo bem e se enconde a pior das misérias a de não se saber lutar e pensar-se que sim.E mais uma voltinha ao castelo...

Num certo Maio, dentro de muralhas, fui "maga" medieval vestida de "marroquin" violeta e deitei as sortes, conheci o Mário do Vivarte( grande "carneiro" de sábias barbas), o João do Ambar, a Sandra e o seu orgasmático pão-de-rala, a Paulinha, o António, a Briolanja e um escultor de terra e barro, basco, cujo nome não me recordo, que falava de gnomos e do tempo dos últimos dragões e esculpia-os na terra como se lidasse com eles "tu cá, tu lá", a Zara cuja "mendiga" encantou, como aliás, todos os seus desempenhos e todas as suas personagens, e o puto do Vivarte que estava a descobrir o mundo, o visível e o outro e achava que eu tinha todas as respostas...a Elisa, enamorada do saltimbanco françês, que animava o povo como seu grupo, ao som de gaitas e pandeiretas e fazia os olhos da Elisa brilhar naquele lindo verde pardo, que era na altura, mais verde e menos pardo...comprei um anel com uma pedra violeta como o meu vestido e ainda hoje acho que tem uma magia especial...a de me transportar aos portais do que fui e moldar as artes do que sou....zanguei-me com o Jack...pela enézima vez...como tantas outras vezes depois, comi costela de novilho em sangue, medievalmente à mão e estava tão boa...e bebi chá na tenda do João das Arábias...chá de menta e especiarias e outras coisas que não sei, mas que deixavam um sorriso pateta estampado nas nossas caras, com um ruborzinho bom, quase erótico e um desejo escondido debaixo das saias...ai! que disparate...as coisas que ouso dizer....e comprei perpétuas roxas na tenda dos chás, para afinar a garganta e cantar.


Muito mais tarde...acho mesmo que noutra vida...dentro desta...voltei. Andei de mãos dadas a namorar como as "gaiatas"..apaixonada e doida de felicidade, a fotografar e a rir como se amanhã pudesse não estar lá... e era uma pena perder este momento único...ao lado do meu homem...amor como não tive igual...a outra metade de mim...que caminha comigo ainda e espero por toda a vida, calcorreando as clareiras do castelo que sou eu, dentro das muralhas de outro castelo...nesta terra onde fui feita..que é também a de meu Pai e do seu Pai, meu Avô...que me passeava ainda tropega por estes caminhos...por estes castelos de princesas e dragões. Neste castelo partilho paisagens e emoções, beijos e olhares de puro amor, agito os sentidos de fogo que sou eu e ele em turbilhões de felicidade e paz. Com ele aprendi o prazer de fotografar e espero aprender a técnica, reaprendi o prazer da escrita, que estava adormecido em tristeza, conheci o imenso prazer de me amar e de amar sublimemente o seu sorriso, o seu olhar, as suas mãos. Porque ele cabe todo dentro do meu abraço! Juntos partilhamos estes caminhos, este castelo, somos personagens de outros tempos, os dragões são nossos amigos e os gnomos brincam connosco às escondidas.Um dia voaremos, nas asas de um unicorneo branco, sobre este castelo encantado e ficará para sempre plasmada no universo a nossa felicidade.

Nestes anos todos, este castelo ergue-se e impõem-se espisódicamente na minha vida, os seus carreiros, as pedras velhas de tantas história, as árvores e a "minha" árvore, que desde que me lembro, está lá no cimo da estrada a olhar-me, com o seu tronco cotovelo apoiado no vento, que me olha como se me protegesse de algo que eu própria não sei o que é e que eu vou fotografando ao ritmo das estações...cheinha de folhas verdes, nua e de ramos retorcidos, ondulante e sacodida pelos ventos mais fortes deste Alentejo, que sabe ser muito frio, molhada do choro do céu saudoso do verão, beijada pelas papoilas lindas, estentidas aos seus pés como um tapete vermelho e aveludado...sempre lá...para que eu possa sorrir ao vê-la ou chorar aos seus pés os meus infortunios ou abraçar o seu tronco e trocar emoções e energias vigorosas. A "minha árvore" que eu só apresento pessoalmente a quem amo, fica aqui...virtualmente para o deleite dos vossos sentidos. Espero que gostem tanto dela como eu...e se a encontrarem um dia que venham a este Castelo, por terras de Montemor, deêm-lhe um beijo meu. Talvez ela vos conte um qualquer episódio da minha passagem por aqui.

Tesouros



















Guardados estão os tesouros de ser, por vezes tão fundo e em lugares tão obscuros, que nem entendemos que os vivemos, que os somos...Apreendemos por vezes, pelos olhos brilhantes das nossas crianças, pelo amor que nos visita de vez em quando pela vida fora,pelos mendigos que deshabitam as ruas onde fazemos compras, pelos pássaros que riscam o azul das nuvens, pela respiração ofegante depois do pesadelo...que existem tesouros inestimáveis e raramente os olhamos.

No meu caminho



No meu caminho, em perspectiva, estás tu, porque te escolhi ao encontrar-te na outra ponta de mim. Esta partilha de saberes, olhares e beijos, serão a tela multi-cromática dos nossos Invernos, mesmo quando se disfarçam de Outono, pintura digital do que vejo em ti, de ti, por ti.
As palavras tomam a forma de imagens e declamam poemas de cor e nostalgia. Já tenho saudades daquilo que vou ser contigo!

Espreito por trás do Sol


Quando o sol se cansa de ser belo, esconde-se. No horizonte, porém, teimosas cores desejam perdurar. Os nossos olhos deliciam-se em tal teimosia e desejam mais! Os desejos, esses prendem-se na teia do tempo e não nos resta mais nada que o olhar.