segunda-feira, 7 de julho de 2008

Reflexos de Ser


Sombras...reflexos da muralha que sou
Da obrigatoriedade de ser impenetravel
Da expectativa de ser forte e inabalavel
Sempre que na impassividade dos dias estou
Pedra a pedra, neste granítico compasso
Entre chorar de desespero e ser muro alto
Numa grosseira forma de viver para além do tempo

2 comentários:

Fragmentos disse...

Lindo !!!
Fiz uns versos que dizem quase a mesma coisa...as tais muralhas.
--
Eu e o retrato

Estou um retrato mal produzido, onde meus sentidos,

tão sentidos, não afloram no papel.

O ácido que fixa a imagem ,

revela apenas a superfície do que sou.

Não colore minhas tristezas com tintas de meio tom.

Não indica nos meus labirintos, a saída para minhas

incertezas ávidas de verdades inquestionáveis.

Não retrata na sua exata dimensão, minhas regiões

de silêncio que se mesclam a tantas ansiedades.

Muralhas intransponíveis.

Oculta meus sonhos de perfumadas entregas

e cala um grito que se estanca na densidade

de tantas esperas.

Quisera um retrato do pensamento,
a nítida imagem do substrato do meu ser.

Anónimo disse...

Caríssima.
Estou lendo versos maduros, repletos de um simbolismo tátil e de grande potencialidade de serem apropriados pela imaginação. A poeta fala da percepção do existir a partir de uma "muralha" de coisas que nos "protege" e afasta do mundo; cria-nos semblantes para suportar a dor existencial, assim como máscaras de pedra ou de ferro que devem ocultar o rosto, petrificando as expressões faciais da identidade e da alma humanas, transformando algo que poderia ser leve em um fardo.

Vânia querida,
escreves como poucos poetas. A cada dia que leio teus versos, mais tenho certeza disso.
Fique com Deus.
Paz e luz pra vc...