Sombras...reflexos da muralha que sou
Da obrigatoriedade de ser impenetravel
Da expectativa de ser forte e inabalavel
Sempre que na impassividade dos dias estou
Pedra a pedra, neste granítico compasso
Entre chorar de desespero e ser muro alto
Numa grosseira forma de viver para além do tempo
Da obrigatoriedade de ser impenetravel
Da expectativa de ser forte e inabalavel
Sempre que na impassividade dos dias estou
Pedra a pedra, neste granítico compasso
Entre chorar de desespero e ser muro alto
Numa grosseira forma de viver para além do tempo
2 comentários:
Lindo !!!
Fiz uns versos que dizem quase a mesma coisa...as tais muralhas.
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Eu e o retrato
Estou um retrato mal produzido, onde meus sentidos,
tão sentidos, não afloram no papel.
O ácido que fixa a imagem ,
revela apenas a superfície do que sou.
Não colore minhas tristezas com tintas de meio tom.
Não indica nos meus labirintos, a saída para minhas
incertezas ávidas de verdades inquestionáveis.
Não retrata na sua exata dimensão, minhas regiões
de silêncio que se mesclam a tantas ansiedades.
Muralhas intransponíveis.
Oculta meus sonhos de perfumadas entregas
e cala um grito que se estanca na densidade
de tantas esperas.
Quisera um retrato do pensamento,
a nítida imagem do substrato do meu ser.
Caríssima.
Estou lendo versos maduros, repletos de um simbolismo tátil e de grande potencialidade de serem apropriados pela imaginação. A poeta fala da percepção do existir a partir de uma "muralha" de coisas que nos "protege" e afasta do mundo; cria-nos semblantes para suportar a dor existencial, assim como máscaras de pedra ou de ferro que devem ocultar o rosto, petrificando as expressões faciais da identidade e da alma humanas, transformando algo que poderia ser leve em um fardo.
Vânia querida,
escreves como poucos poetas. A cada dia que leio teus versos, mais tenho certeza disso.
Fique com Deus.
Paz e luz pra vc...
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