terça-feira, 2 de setembro de 2008

AS CARTAS QUE SOMOS NÓS

Auto-retrato de J.J.Vaz de Carvalho


AS CARTAS SÃO CARREIROS DE PALAVRAS QUE A ALMA QUER DIZER E NÃO CONSEGUE. ESCREVE-AS ENTÃO. ESTA CARTA É UM COMENTÁRIO DA ALMA, QUE TODOS OS DIAS SE RECOMPÕE DO CHOQUE FRONTAL COM A REALIDADE.

AS CARTAS SÃO CARREIROS DE LÁGRIMAS INDIZÍVEIS, ESCRITAS A SANGUE E SAL E RISOS DESFIADOS NAS GARGALHADAS DOS DENTES QUANDO SE TRANSFORMA A DOR EM FELICIDADE, PELO EXERCÍCIO DA VONTADE.

ESTA FOI A MAIS RECENTE CARTA QUE ESCREVI. PENSO QUE A ÚLTIMA DESTE CONTEXTO. ASSIM ESPERO, PELO MENOS. TRANSCREVE-LA AQUI É UMA ESPÉCIE DE

CATARESE, DE PURGA, DE GRITO...DO QUE FOR.



"Não esquecerei nunca, que neste mar de palavras e olhos te encontrei. Por momentos pensei ter sido especial...aquele momento...aquelas palavras. Quando o meu corpo entrou no aperto do teu abraço, ao som do apito dos comboios, achei que tinha sido único, que eu era naquele momento, única. Hoje entendo que nada é único. Especial? Talvez...Fruto do momento? Seguramente. Mas neste mar de palavras e olhos...outros olhos e outras palavras se misturam, se confundem...Hoje, este corte de linha, depois do ruído na rede, faz-me sentir que, eventualmente, num remoto universo em Setembro, as palavras, que na altura eram apenas palavras no meio de tantas outras, hoje, em Setembro, sejam palavras de verdade, expressões sinceras de ir ao encontro da felicidade, consciência de que há palavras que só se dizem uma vez, que só se ouvem uma vez e que daí partem para toda a vida...Hoje, em Setembro apetece-me ouvir o apito dos comboios e chorar de alegria porque estás aqui...quero pensar que aquele abraço com a força de vidas e que ainda hoje sinto, como se tivesse sido...hoje...aquele fortíssimo abraço...foi apenas meu e teu e nunca repetido, nunca clone de outros abraços, noutros encontros, noutros apitos, noutros comboios...quero que seja assim...espero que seja assim e que tal como disseste dentro de outras palavras: hoje seja eu e a nossa vida e a nossa casa e a nossa família e os nossos beijos e as nossas loucuras...que nunca vivi outras como estas.
Para que de nós não fique apenas a memória...mas nós...juntos...inabalavelmente inseparáveis. AMO-TE!!!AGORA E SEMPRE!"