sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Olá Lisboa




Olá Lisboa
Eu volto sempre
Como os amantes
Querem /não querem
Mas voltam
Sempre.
Mas querem sempre
Mesmo não querendo.

Olá Lisboa
Estou a chegar
Venho por rio e não por mar
Numa barca de rimas.
E as buzinas ficam no ar
Neste compasso de ir e ficar
Que por cá estar
Guardo no estio quanto me estimas.


Olá Lisboa
Rio o teu Rio
Ondas que brilham dentro dos olhos
Nesta corrente de margens largas.
Tão sedutor, lânguido e frio
Corre para o mar a abraçá-lo
Como se os remos desta barcaça
Fossem o canto de uma sereia.

Olá Lisboa
Em ti cresci neste regaço de canções
Embalada por apitos e castanhas
A balançar nos jardins de um fado
Na Estrela dos cavalos de pau
Em pontas de um ballet sem tranças
Que só os meus pés sabem
Desde mim. Ontem.

Olá Lisboa
Serpenteando os teus comboios
Ora à flor da superfície
Ora no ventre escuro
Entre o chiar dos travões
E a impaciência da espera
Dentro da minha infância
De ir à praia aquecer o Sol.

Olá Lisboa
Vou deitar a cabeça
Sonhar com as tuas luzes
Banhar poemas no teu rio
Cantar nas ruas encantadas
Ouvir a som estridente e dengoso
Dos carris gemendo eléctricos.
Agora vou dormir…Adeus Lisboa.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A Paz que és em mim


vertical o meu olhar no horizontal balanço da água
no meu sal dourado que me cristaliza os passos
nas minhas mãos que me cantam as rimas dos olhos
nos dentes que cravo no teu ombro quando mergulho em ti.
vertical o meu peso que me atrai aos abismos da vertigem
no corpo que se desfaz como areia em grãos molhados
na concha do meu ouvido que dança pelo mar dentro
nas mãos que entrelaçam os dedos nos teus dedos.
vertical o meu sorriso na perspectiva horizontal das horas
na areia que encolhe dentro da marca dos meus pés
nos beijos que o mar me dá aos passos apagando as marcas que caminhei
nas palavras que nem sempre rimam com as batidas do meu peito.
vertical este dizer deitado em mim
na imensidão deste mar e céu a dormir nas ondas...nesta paz que és em mim.