quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010




Agitem-me as pálpebras entre as pestanas e as rugas da testa,
Quero ver por entre raios e coriscos e ramos e pedaços de céu,
Quero entender as palavras que a brisa transporta e balança entre folhas
E descodificar o assobio do vento no martelo do meu ouvido interno.

Levitem-me o corpo até à copa e deixem-me dormir no embalo da sesta,
Desfiando as pétalas aos pesadelos por entre copas escuras como breu,
Entendendo na manhã a perfeição e imperfeição de todas as minhas escolhas,
Distinguindo perfeitamente as lágrimas, o cansaço, as chamas deste inferno.

Porque quando chegar ao grito aberto de dizer: não presta!
Escutem-me os que tiverem ouvidos e destapem-me a revolta sem véu
Que todas estas vidas que vivi fizeram este corpo cansado que tu olhas
E deram-me o direito de ser corpo a corpo o poema que escrevo e alterno.

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